quarta-feira, 16 de abril de 2014
Mané gosta de reencontrar pessoas que não vê há muito tempo. Conforme a vida passa isso vai se tornando comum, mais pessoas vão sendo conhecidas, mais e mais pessoas vão ficando pra trás. Encontrar uma pessoa do passado sempre foi motivo de festa. Mané se sentava, atualizava as notícias, fechavam-se ciclos, aparavam-se ou agudizavam-se arestas, enfim, uma emoção verdadeira. Nos tempos atuais esse trabalho ficou facilitado por causa do facebook, só que não. Vira e mexe você encontra alguém na rede e a emoção continua a mesma. Mané, por exemplo, tem todas as suas ex namoradas, que não foram muitas, adicionadas aqui. Menos uma. É sempre emocionante ver o nome de uma pessoa, amigo, ex, inimigo, professores, primos distantes e etc. Nesse momento todas as lembranças vêem à tona e você toma a atitude de clicar no nome, fazer a solicitação de amizade e em poucos dias, às vezes minutos, a pessoa te aceita. Mané tem aqui um estoque de 800 "amigos". Logo de cara trocam-se algumas palavras carinhosas e saudosas, trocam-se telefones e emails, e finalmente fazem promessas mútuas de marcar um encontro em breve. Que emoção! Depois disso nunca mais se falam. 16/04/2014
Horas atrás Mané publicou uma foto onde ostenta 30kg a menos, motivo, concomitante, de orgulho e de triste apreensão, diante do futuro gastronômico que o aguarda. Tudo bem, psicologismos à parte, Mané se sente bem melhor, tem muito mais disposição física, não ronca mais e apresenta exames fisiológicos equivalentes aos de um bebê recém nascido. Mané constatou ao longo do dia, ter recebido inúmeras curtidas, além de fartos e elogiosos comentários com relação à sua aparência, apesar de algumas críticas recebidas por conta das roupas folgadas, mas elas vão ficar assim mesmo mais algum tempo. Mané já trocou quatro vezes de número neste período de 150 dias. Mané ainda deve eliminar mais uns 10, 15 kg, talvez e os índices de IMC ainda o maltratam apontado obesidade, mesmo que ela tenha caído de grau III para grau I. Mané ficou feliz e regozijou-se com os elogios, até se espantou com as declarações de “estar alinhado e bonito”, mas, Mané é uma pessoa que enxerga sempre o copo meio vazio e assim sendo, preocupou-se ao constatar que, se agora o acham “bonito”, significa que antes o achavam feio? 06/04/2014
No outro dia, Mané viu aqui no face uma daquelas publicações de algum pai dizendo estar cheio de si por conta de um filho que tinha acabado de entrar na faculdade ou algo assim. E fazia essa declaração de uma forma tão enfática e repleta de doçura que chegava até a dar enjoo. Tudo bem, Mané também sente orgulho das obviedades que seus filhos fazem, assim como sente raiva das cagadas deles, mas aquele cara exagerou. Ele dizia, entre outras coisas, que estava explodindo em mil pedaços de tanta felicidade e orgulho e seguiam-se é claro, aquelas dezenas de curtidas e comentários tão ou mais nauseantes que o post, do tipo, “seu filho é iluminado”, “sua família é abençoada” e outros quetais. Mas lá no fim, o último comentário, último mesmo porque ninguém mais teve coragem de vomitar nada mais, um engraçadinho dizia: “puts, depois dessa explosão toda, chamem os paramédicos pra catar os pedacinhos. Talvez ainda dê para salvar alguma coisa”. 23/03/2014
Um dia, quando Mané era um estagiário jovenzinho, apareceu na empresa uma moça que sabia ler a mão das pessoas. Mané, que não acredita nessas coisas, foi um dos últimos a lhe estender a palma e a cigana leu ali naqueles vincos que Mané era uma pessoa preguiçosa e que ao longo da vida ele iniciaria diversos projetos que não viria a terminar. “Como assim”, Mané perguntou, e ela disse, “projetos, trabalhos, relacionamentos, você vai deixar muitas coisas inacabadas, vai se desinteressar e deixar pra lá, pelo caminho”. Mané obviamente não acreditou, mas de uma forma ou de outra aquilo ficou na sua cabeça e sempre que alguma coisa falha ou dá errado na vida de Mané ele credita o fato à maldição da cigana. Pra comprovar este fato, Mané pode listar aqui diversas oportunidades em que ele abandonou projetos alvissareiros. Senão vejamos: 14/03/2012
Ao chegar à beira dos 60 anos, Mané constata que tudo o que ele pensava sobre a vida estava errado. Mané achava que aos 60 as pessoas eram seguras de si, que tinham chegado onde queriam chegar, que seria um poço de sabedoria e experiência e que passaria o pouco que restava de vida (naquela época se morria mais cedo), espalhando bondade, bons conselhos e exercendo a tolerância. Mané nunca esteve mais perdido na vida, acha que chegou a algum lugar, mas não sabe direito qual é e se era isso mesmo que ele tinha imaginado, está mais intolerante do que nunca e vê todos os (mais) jovens como um bando de idiotas, mas com a vantagem de terem, pelo menos, ainda algum tempo para tentar acertar. 12/03/2014
No café da manhã, Mané conversa com a esposa. A esposa critica o FHC que casou com uma moça que poderia ser sua neta e também critica a moça por ela ter casado com uma pessoa que poderia ser seu avô. Mané responde que não esta nem aí para o FHC ou para a mulher jovem dele. Pouco depois sua mulher diz que os homens são muito dependentes, que não conseguem viver sozinhos e por isso pegam qualquer mulher, mesmo fazendo o papel ridículo do FHC. Mané diz que dependentes são as mulheres e dá 5 ou 6 exemplos de mulheres que vivem sozinhas e não conseguem ter em casa, por exemplo, um computador que funcione direito e dependem do homem para consertar, pra chamar o técnico, enfim. A mulher rebate sem muita convicção e lista dezenas de coisas nas quais um homem depende também da mulher. Mané então, para provocar, diz que a dependência do homem era voluntária e que a da mulher era necessidade real. Então? 23/02/2014
Mané tomou coragem e se pôs a arrumar todos os papeis da gaveta. Alarmado percebeu que tinha feito isso pela última vez em janeiro de 2011. Contas de luz, condomínio, gás, telefone, impostos, plano de saúde, cartões de crédito, internet, condomínio, mensalidade do clube, mensalidade das atividades dos filhos, recibos médicos, prestação do cemitério, multas de trânsito, enfim, uma infinidade de pagamentos repetindo-se ad nauseam mês após mês. Mané encarou aquilo com desprendimento, separou, ordenou e colocou tudo em pastas. No meio do tsunami de papeis, no meio dos pensamentos aziagos sobre a quantidade de dinheiro que aquilo representava, Mané encontrou um envelope fechado onde estavam escritos dois números. Um maior, que ao lado tinha um rabisco que dizia “dólar” e outro menor, acompanhado da rubrica “euros”. Com o coração acelerado Mané abriu o envelope e constatou que havia dentro dele dois pequenos maços de dinheiro, um de dólares e outro de euros. Mané tirou o volume do envelope e sentiu-lhe a textura e foi invadido por uma sensação de bem estar. Depois, guardou o envelope de volta na gaveta. Mané que normalmente é uma pessoa organizada que sabe exatamente onde estão as coisas, esta até agora tentando imaginar qual seria a origem do tesouro.12/02/2014
Mané chega em casa lá pela 20:30hs carregando toda a nhaca do dia calorento desejando apenas tomar banho, comer (rezar não) e ficar pasmado na frente da TV esperando todo o mal abandonar seu corpo e sua mente. Nisso o celular avisa que chegou um torpedo e Mané se precipita ao aparelho. Uma má notícia de trabalho brilha diante dos olhos. Nada a fazer naquela hora da noite e diante da preocupação Mané começa a amaldiçoar o mensageiro. Mané senta à frente da TV não pasmado, mas preocupado. Até poder tomar alguma providência, aquela vai ser uma longa noite. Mané amaldiçoa mil vezes o mensageiro e sonha em ter os poderes dos barões medievais que mandavam decapitar aquele que trazia más notícias. Mané decapita o mensageiro, uma, duas, dez vezes, mas nada do sono chegar. Hoje á noite, assim que chegar em casa, Mané vai desligar o onipresente celular do demônio. E daqui a pouco, quando chegar ao trabalho, vai decapitar o mensageiro. 04/02/2014
O pai de Mané era um cara que seguia a maioria dos preceitos da religião, ia à sinagoga pelo menos uma vez por semana e travou durante toda a vida uma batalha para trazer Mané para mais próximo desse comportamento, mas, no tocante a isso, pouco conseguiu. Provocador, na adolescência Mané questionava o pai sobre a razão pela qual ele, sendo religioso, não comia comida kasher. O pai respondeu que no Egito os judeus consideravam que toda comida era kasher, já que os muçulmanos têm basicamente os mesmos hábitos alimentares. Quando chegaram ao Brasil, imigrantes bastante perdidos e sem grana, espantaram-se com o custo altíssimo da comida com carimbo do rabinato e resolveram colocar de lado essa questão específica. O pai de Mané já morreu, Mané já não é tão provocador assim, mas essa questão continua em aberto. 30/01/2014
Mané lembra que antigamente era muito raro ter-se notícia da morte de algum conhecido. Morria gente por aí, mas conhecidos eram raros, quase nunca. Mané era um jovem, circundado de pessoas jovens, a morte era uma coisa distante. De uns tempos pra cá começou a morrer muita gente. Parentes mais velhos, parentes dos amigos, conhecidos menos próximos e próximos também. Isso dá o que pensar e, de uma forma mais explícita, Mané vai percebendo que a fila anda. Na lista de contatos do facebook de Mané já tem uma quantidade considerável de mortos. Eles continuam sendo marcados em fotos, de vez em quando aparece alguma publicação em seus nomes. É estranho! Mas mais estranho ainda são aquelas pessoas que ainda estão vivas, mas parecem mortas. Se é que me entendem. 25/01/2014
Nesta semana Mané perguntou à mulher se ela tinha lido este livro (o apanhador no campo de centeio) e ela disse, "sim, li na adolescência e foi impactante". Depois, em separado, perguntou à filha se ela tinha lido esse livro e ela disse, "sim, foi pra mim um divisor de águas". Depois Mané perguntou à uma amiga de 67 anos e ela respondeu, "sim, quando era jovem e passei muito tempo pensando sobre tudo que li!" Então Mané pegou o exemplar depauperado que tem em casa e releu este livro, 41 anos depois de te-lo lido na adolescência. Diferentemente do que ocorreu à época Mané achou o livro meio bobinho, um discurso assim meio cru e naïf, se é que me entendem. Depois Mané reclamou com a mulher, a filha e a amiga, mas elas foram impiedosas dizendo que não interessava o que ele tinha sentido na releitura, que o livro era impactante. Mané pensou um pouco e decidiu que não deveria ter relido o livro, que ele tinha que ter ficado com a impressão do passado que pelo jeito era a de todos. De positivo mesmo o que restou desta re-leitura foi a última frase que Mané reproduz aqui a título ilustrativo. Diz Holden Caulfield: "É engraçado. A gente nunca devia contar nada a ninguém. Mal acaba de contar, a gente começa a sentir saudade de tudo que contou." Impactante! 19/01/2014
Mané sentou hoje, dois meses após a cirurgia, na mesa de um restaurante por quilo ali ao lado do escritório. Mané antes comia ali de vez em quando e costumava pagar uma conta entre R$ 20,00 e R$ 25,00, inclusive refrigerante, e na saída ainda levava um docinho pra mudar o gosto da boca. Ali na frente das bandejas, Mané tentou olhar a comida aos olhos do estomago e se serviu espartanamente. Sentado à mesa Mané comeu com vagar e ao fim da refeição notou que estava satisfeito pouco antes da comida acabar. Mané deixou comida no prato e levantou-se pra pagar a conta que somou R$ 5,17. 16/01/2014
Mané acredita que toda coisa tem dois lados e por isso, ao contrário do que possam pensar os que o imaginam como um pessimista juramentado, Mané também está vendo o lado positivo da coisa, agora que a comida já não tem relevância na sua vida. Passados menos dois meses da tal cirurgia, Mané estabilizou seus níveis de pressão sanguínea, seus índices de colesterol, glicemia e que tais, beiram os de um bebê recém nascido e, principal e fundamentalmente, Mané já não ronca mais, para alegria de sua esposa, que agora acorda sobressaltada durante a noite estranhando o silencio reinante no quarto. 11/01/2014
Mané sempre foi um pessoa um pouco anti-social ou talvez a opção por qualidade ao invés de quantidade explique um pouco melhor a afirmação. Em todo caso Mané agora enfrenta um grande problema, agora que tem um estomago de 150ml e come, quando muito, 3 ou 4 colheres de comida (das de sopa), quando muito. Mané descobriu que 100% dos programas que se faz com amigos e/ou familiares, envolvem comida. Vamos comer algo e ir ao cinema (ou vice-versa)? Vamos jantar, vamos fazer um churrasco, venham comer um espaguetinho, talvez um X-creme de milho com batata frita antes de voltar pra casa, um hot-dog mais descolado. Mané está agora completamente anti-social e tem gastado com louvor os seu repertorio de “nãos”. Depois reclamam que estão gordos. 09/01/2014
Mané agora tem um estômago deste tamanho. Mais do que contra o peso, Mané luta contra o tamanho dos olhos. Aí dentro desse receptáculo, cabem umas quatro colheres de comida, duas de proteína animal, uma de carboidratos e uma de verdura. Sim, se Mané assim desejar ele pode comer alguma folha e dois ou três tomatinhos cereja. Quando o prato de Mané fica pronto seus olhos lhe dizem que vai passar fome. Quando ele começa a comer, no entanto, à altura do terceiro ou quarto bocado, seu estômago já lhe da os mesmos sinais que daria se estivesse num rodízio de carnes e pizzas. Mané se recosta estufado para um pequeno intervalo na refeição mas com a sensação de nem ter começado a comer e se pergunta se isso tudo vale essa pena que é perpétua. (Com foto do vidrinho de sakura) 30/12/13
Aqui ao lado da casa de Mané tem uma igrejinha, acho que batista ou de alguma outra coloração, não sei. Tem culto toda quarta e todo domingo. Na hora do culto, ou antes, entra em ação uma bandinha que toca aquelas marchinhas de coreto. Longe de incomodar, aquele burburinho remete Mané a um tempo em que ele não conheceu. O bucolismo ainda é reforçado pela visão das pessoas chegando aos pares, trajando ternos e vestidos fora de moda, as mulheres de sapato branco e os homens com seus mocassins engraxados, todos bem limpinhos e perfumados com alfazema (pelo menos Mané acha). E quando Mané esta lá na janela observando todo esse movimento ele se pergunta: " mas você, Mané, não tem mais o que fazer"? 29/12/2013
No fundo da geladeira de Mané começou a nascer uma placa de gelo que, a princípio, não recebeu nenhuma atenção. Com o passar do tempo, o gelo começou a se expandir e sua presença já não era passível de ignorância. O gelo começou a invadir o espaço de estocagem do refrigerador já tomando espaço das garrafas, dos frios e dos tuperwares que moram ali. Mané e a esposa passaram alguns dias a se perguntar o que fazer, que atitude tomar ou mesmo como conviver com aquele iceberg. Numa dessas manhãs Mané percebeu que o aquecimento global estava fazendo seu trabalho e que o gelo estava diminuindo de tamanho. Claro que no processo de derretimento o gelo vai se espraiando por toda a geladeira e desde que isso aconteceu, Mané e a esposa passam parte do seu tempo enxugando gelo. Mas esta valendo a pena. Neste ritmo, em poucos dias, tudo terá voltado ao normal. 22/12/2013
Mané já desconfiava, mas hoje ele tem certeza que os médicos são uma classe de mentirosos. As coisas nunca andam exatamente como eles afirmam que vão andar. “Vai doer”? “Magina”! E aí a coisa dói pra caramba. “Em quantos dias estarei andando bem”? “Dois, no máaximo três dias”! E aí o sujeito passa quinze dias torto. No caso de Mané, dessa vez, os médicos até que acertaram. Foi dito a Mané que ele ia aprender a comer de novo, como um bebê. E assim está acontecendo. No começo só se alimentará de líquidos. Depois, líquidos não coados. Em seguida, papinhas. Mais adiante, pedacinhos amassados e, por fim, o retorno da mastigação. Mas é claro que não falaram toda a verdade. Se fosse para aprender tudo de novo como um bebê, porque não teve a fase de mamar no peito? Hein? 17/12/2013
Mané reapareceu esses dias pra me dizer que a parte mais chata de viver a vida monástica que ele está vivendo é a preocupação das pessoas com a vida monástica que ele está levando. Com um estômago de 150ml, a comida perdeu (momentaneamente, ele acha) qualquer importância na vida dele. Mané sente pouca ou nenhuma fome e as míseras quantidades de comida são comidas mais por obrigação do que por vontade. Pior de tudo é ouvir as pessoas falando, “ô dó”, ao ver o prato do almoço de Mané, ou como disse a sogra de Mané ontem no jantar: “ah, mas você não vai nem experimentar um pouquinho de maionese”? E Mané, que sempre se considerou uma pessoa radical, está aprendendo hoje o verdadeiro sentido da palavra “radical”! 16/12/2013
Mané tem se sentido um intruso na própria casa. Durante a semana, das 10 as 16, fica difícil encontrar um lugar para ficar. Mané está pensando em implantar um novo sistema de arrumação. Pela manhã a passagem de roupas e lavagem da louça é feita num local isolado e distante, mas quando a moça dos serviços gerais entra pela casa, se inicia um processo de desmonte de toda a estrutura do lar. Pra começar, a maquina de lavar geme o dia todo. Cada um dos ambientes vai ficando revirado e inacessível e assim permanece até que se terminem as atividades febris do almoço. É quando se inicia a remontagem, lençóis são esticados, cadeiras desviradas, tapetes desdobrados e aos poucos a coisa volta ao normal. Por volta das 15, Mané pode finalmente encostar os ossos na sua poltrona e o silêncio volta a reinar. Um verdadeiro inferno. Mané reclamou com a esposa sobre a falta de planejamento, mas sua peroração não obteve eco. Por que a moça que trabalha aqui não arruma um cômodo de cada vez do início ao fim ao invés de implantar o caos total? 01/12/2013
Mané está vivendo a vida do Milu. Acorda cedo e não tem nada pra fazer. Depois de sapear a net foca esperando a primeira de suas cinco rações diárias. Nos intervalos desce pra passear com o cachorro. Quando volta, extenuado pela atividade, deixa-se cair na poltrona e tira um pequeno cochilo, não sem antes conferir o horário da próxima refeição. Mané assiste TV e conversa com a mãe e Irmã pelo telefone. Responde uns poucos torpedos, de vez em quando recebe um telefonema do escritório. Mané fica meio sonolento o dia todo, não sabe mais o que é trânsito e não gasta nem um tostão daquelas despesas do dia a dia. Em pouco mais de 10 dias, Mané terminou três livros, leu os jornais e a Veja de cabo a rabo, inclusive o caderno de economia. Mané está fora do mundo dito real, Mané vive a vida do Milu. 30/11/2013
Mané está no consultório para fazer o 1º retorno após a cirurgia. É uma clinica de gordos. Os magros que lá estão é porque já foram gordos no passado. A mulher de Mané se entretém conversando com os outros pacientes enquanto aguardam atendimento. Mané, como sempre está enfurecido pela demora e permanece estatelado na poltrona fingindo-se de paciente. Súbito, entra uma supergorda se arrastando, amparada pela mãe e ambas sentam ao nosso lado. A mulher de Mané, que já tinha falado com todos anima-se com a novidade. Ela e a acompanhante da supergorda logo entabulam uma conversa sobre cirurgia. A mulher de Mané diz que a moça logo vai ficar bem, que reduzir o estômago é muito bom para a saúde. Nisso a supergorda geme: “mas eu fiz uma operação de hemorróidas”! 28/11/2013
Hoje pela manhã, Mané e esposa conversam sobre tipagem de sangue. Lembram das aulas de bilogia, “O com O, só pode dar O”, “O com A, só pode dar O e A”! Mané pensa por uns minutos e pergunta: “qual o tipo de sangue do filho”? Ela responde sem pestaneja: é B! Mané pensa mais uns minutos e diz: “eu tenho certeza que sou A e você tem certeza que é O, como é possível o menino ser B? Silêncio! Poço depois ela diz: “se eu sou O, você deve ser AB”! Mané responde que conhece muito bem seu tipo de sangue. Ela diz: “magina, tenho certeza que você é AB, não há nenhuma outra possibilidade. Mané diz: “pode ser”. Mané sai da mesa e diz: “onde estão mesmo aqueles exames que fiz no ano passado antes da cirurgia”? Tenso!17/11/2013
Mané se despede hoje do bife à milanesa, que por obra do acaso, tinha a forma do mapa do Brasil. Mané comeu primeiro a região sul. O sudeste desapareceu em duas bicadas. Região norte sumiu rápido e o Nordeste foi o ultimo. A parte que continha o planalto central, Mané deu pro cachorro. (com foto do bife) 13/11/2013
Mané foi ao clube para votar na renovação do conselho. Mané não sabe direito o que faz o conselho, mas como bom judeu sabe criticar os nomes que vê na lista de candidatos. Mané sabe criticar, mas o faz de forma envergonhada porque sabe que a melhor crítica seria participar da eleição e, caso fosse eleito, fazer as criticas ali dentro e lutar a favor de idéias que considera boas e contra as que agora critica de fora. Tudo bem, este é o script politicamente correto tanto no clube, como no condomínio, na cidade ou no país, mas isso acontece porque uma vez, quando Mané era mais atuante, propôs numa rodinha de pessoas onde havia muitos conselheiros, que a eleição para presidente do clube fosse feita de forma direta (power to the people) ao invés de eleger um conselho que elege o presidente. Olharam de través pra Mané, alguns até pararam de cumprimentá-lo. Mané ficou ressentido e desde então se refugia na confortável posição de estilingue e apenas critica. 10/11/2013
Mané levanta preguiçoso. Tem que levar o cão pra fazer xixi e coco. No escuro ele pega a bermuda velha e no armário escolhe uma camiseta que esta bem embaixo da pilha. Coloca nos pés os crocs velhos e já meio fedidos, põe a coleira no pescoço do animal, pega uma sacola daquelas que poluem por 500 anos e desce. No elevador ele percebe que está muito mais mal vestido que de costume. A camiseta está puída e tem furos. A bermuda tem uma mancha suspeita e os crocs, bem, nem novos são dignos de nota. Depois das necessidades do cão Mané vai à padaria. Na porta tem corretores de imóveis que entregam alegremente panfletos para os que saem. Lançamento espetacular no bairro. Mané faz as compras e na saída sabe que vai ser abordado pelos corretores e ele sabe também que detesta receber panfletos de imóveis. No entanto, quando Mané desponta pela porta da padaria e vai em direção à moça, ela o mede de cima a baixo e numa rápida avaliação, não entrega o flyer. No elevador, enquanto Mané olhava novamente para sua aparência mal ajambrada, não sabia se ficava satisfeito por não ter recebido mais um papel inútil, ou se ficava ofendido por não merecer um panfleto sequer. 10/11/2013
Assinar:
Postagens (Atom)