quinta-feira, 20 de julho de 2017
Como é que escolhemos as nossas parceiras? Cada um deve escolher de um jeito, Mané tem também o seu. Nesse processo de escolha são fundamentais as predileções de cada um, suas neuroses e um monte de outras razões às vezes inexplicáveis e intangíveis. Mané é uma pessoa muito neurótica e tem um check list imenso quando se tratava de escolher parceiras. Por exemplo, a moça tinha que ter um pé bonito. Quando cortejava alguém, Mané nunca dava a palavra final sem ter dado uma boa olhada no pé dela. Começos de namoro no inverno sempre foram complicados, muita meia, muita bota, quando o pé viesse à luz poderia advir uma surpresa desagradável. Outra coisa que Mané fazia questão é que a menina tinha que ser um bom garfo, tinha que gostar de comer e tolerar todo tipo de comida; nada de garotas que ficavam separando pedacinho de cebola da comida, que passassem a vida fazendo regime ou que tivessem nojo de feijoada. Na primeira vez que Mané foi com aquela que viria a ser a sua mulher a uma churrascaria, ela estava de sandália. Na hora em que serviram a picanha fatiada, Mané achou que a gordura estava excessiva e apartou alguns pedaços e, ao fazer esta operação notou que a moça ficou olhando com o rabo de olho para os pedaços de gordura que iam ficando de lado. Mané ficou preocupado porque a garota não tirava o olho do prato, no entanto comia com vontade os seus bocados e Mané notou com satisfação que ela comia a carne com gordura e tudo. Ao fim da refeição, antes da sobremesa, como a moça continuava olhando para o prato de Mané, ele não resistiu e perguntou qual era afinal o problema, ao que a moça lhe perguntou se ele ia comer esses pedaços de gordura apartados e Mané respondeu que não ia e então ela pediu licença, espetou com o garfo tudo que tinha sobrado no prato dele, comeu com gosto e depois se recostou satisfeita empunhando o cardápio para escolher a sobremesa. Algum tempo depois eles se casaram. 20/07/2017
Ontem chegaram muitos cobertores na Ong, muito mais do que precisávamos então Mané pegou dois lotes e os pôs no carro e na volta pra casa foi distribuindo cobertores para os moradores de rua que ia encontrando no caminho. Despacito, o lote foi minguando, muito perigoso bater e/ou ser multado nesta cidade quando distribuímos cobertores nas ruas, o fato é que Mané voltou pra casa ainda com certa quantidade. Hoje cedo, no entanto, lá no túnel do começo da paulista onde tem uma grande quantidade de gente morando, Mané aproveitou a oportunidade de desovar todo seu estoque e, no meio do engarrafamento chamou as pessoas “quem quer cobertor?” Um monte de gente apareceu, o farol abriu, Mané previu uma confusão, alguns carros buzinaram, pessoas gritavam, mas eis que outros motoristas atrás de Mané começaram a acenar para os apressados, todos entenderam o que se passava, a fila de carros aumentou um monte mas todos, eu disse, todos, esperaram Mané acabar a distribuição e quando deu passavam por ele acenando ou dando um toque na buzina. políticos do brasil (com minúscula mesmo), ainda há esperança. 18/07/2017
segunda-feira, 17 de julho de 2017
Acorda Milu, vamos passear. Está um lindo e luminoso dia, vamos aproveitar as ruas do nosso bairro semi nobre localizado na região oeste da nossa cidade linda. Quando Mané sai para passear o cão ele leva sacos para recolher a merda e quando ele está com o espírito de cidadão enlevado, leva também água para espargir sobre o xixi derramado. Hoje, no entanto, ao caminhar pelas ensolaradas e aconchegantes ruas da vila madalena, Mané se deparou, como tem se deparado nos últimos meses, com ruas emporcalhadas e lixeiras transbordantes de matéria nauseabunda. Mané e Milu se perguntam: e aí prefeito João? Acabou o seu ímpeto? Aposentou o seu modelito de gari? A turma que paga um dos iptu s mais caro da cidade está precisando. Milu e Mané odeiam políticos fogo de palha e prefeitos que depois de 6 meses largam tudo para só pensar em 2018...16/07/2017
sexta-feira, 14 de julho de 2017
Mané nasceu pesando 4,5kg, um touro. Nos últimos dias de gestação ele parou de se mexer na barriga da mãe que passou a ir duas vezes por dia ao médico para ver se o coração ainda batia e o médico conjecturou que ele estava imóvel por falta de espaço mesmo, o que se mostrou verdadeiro quando o pimpolho veio à luz. Nesta foto, em Alexandria, no inverno de 1956, Mané, com poucos meses de vida, digamos 4, quiçá 5, está estatelado no colo da irmã que é 3,5 anos mais velha. A menina está sorrindo e e tenta aparecer na imagem mas sabe-se que ao final da sessão de fotos ela quase teve que receber respiração artificial para recuperar o fôlego. Percebe-se que Mané, claro, está totalmente à vontade, em estado de contemplação, sob a proteção de sua querida irmã, como aliás sempre tem sido.
quarta-feira, 12 de julho de 2017
Houve um tempo em que Mané achou que ia ser escritor. Recém saído de um emprego num banco, que todos sabem se tratar de uma atividade selvagem, deu pra escrever crônicas numa revista, pequenos contos de enredo indeterminado, no tamanho de 4 ou 5 mil toques, obras de tiro rápido. Oito anos se passaram e neste período Mané escreveu uma crônica por semana, uns 400 textos que depois, parte deles, se transformaram em 3 livros (Mané ainda tem material pra mais três). Sentindo um certo esgotamento, Mané sonhou alçar vôos mais altos e quis escrever um romance. Começou e abandonou quatro, Mané não conseguiu passar do capítulo 3. Mané começou a achar que seu vôo de escritor era um "vôo de galinha", só textinhos curtos que já não o satisfaziam e, em desespero, resolveu fazer uma oficina que tinha o nome pomposo de "como escrever um romance". Mané fez a oficina por semanas a fio, conheceu gente interessante e quase fez novos amigos mas depois disso, Mané não consegue nem mais escrever crônicas, Mané não encontrou a sua voz literária e perdeu a anterior em falsete que escrevia crônicas. Agora já faz alguns anos, Mané só consegue ditar esses pequenos textos aqui no Facebook.12/07/2017
Mané entra no vagão do metrô vazio. Escolhe um banquinho na extremidade do trem, senta e vê que tem mais uma pessoa, na outra extremidade. Mané abre a mochila e puxa o livrinho que esta lendo, um romancete sobre fanatismo religioso e a miséria sul americana. Mané está com a cara enfiada no livro e percebe que a moça que estava na outra extremidade do trem se levanta e vem em sua direção, sorrindo atrás dos óculos escuros. Alarmado, Mané percebe que ela vai sentar ao seu lado e ela senta. Mané se pergunta o porquê desta invasão e se remexe aflito no assento. O trem continua vazio. A moça coloca os óculos na testa e pergunta, assim à queima roupa, o que é que Mané estava lendo. Mané, com tolerância zero, responde: é um livro sobre física quântica. A moça, não se dando por vencida resmunga: ah, o quantum de Albert Einstein, sabia que sem física quântica não teríamos o exame de ressonância magnética, nem controle remoto, nem ao menos o bom e velho computador? Mané, que via seu tempo dentro do metrô se esvaindo, disse que não entendia nada de física quântica e que aquele livro, na verdade, era um romance sobre religião e miséria. E a moça: ah, entendo, sabia que, segundo uma pesquisa feita em 2001 no Reino Unido, 79% das pessoas acham que a religião é origem de conflitos e miséria? Mané colocou o marcador no livro e o guardou de volta na mochila. Sorriu pra moça e pela primeira vez notou que ela era bonitinha e tinha uma bela arcada dentária. E ela: olha, não quero atrapalhar, pode continuar a sua leitura. Na estação Brigadeiro o trem já estava cheio e a moça sorriu de novo para Mané e disse que desceria na próxima. Mané, que também desceria na próxima, optou, por via das dúvidas, esperar mais uma e desceu na seguinte. No Paraíso, a moça lhe deu um tchauzinho e Mané, antes que ela descesse, perguntou: como ela se chamava. E ela respondeu: Ana Rosa. 30/06/2017
Uma das principais atividades de Mané é ler livros. Mané lê muitos livros por mês. Quando Mané lê um livro que o "pega", ele vive a história do livro. Tendo o esmartefone sempre à mão, se um lugar importante é citado na história, Mané vai ao Google Maps e localiza o lugar e passeia pelas redondeadas da ação. Se uma música é citada, Mané vai ao YouTube e escuta a música. Se um personagem real é citado Mané procura a foto da figura e a situa no contexto. Faz toda a diferença. Agora se o livro não o "pega", Mané não faz nada disso. 22/06/2017
O pai de Mané passou seus últimos sete anos de vida com seqüelas do AVC que impediam os movimentos do lado direito do corpo. Foi uma coisa penosa para ele e para os que o cercavam. Com os movimentos muito dificultados, o pai de Mané manteve, no entanto a sua sagacidade e uma mente arguta, além da sua proverbial calma e discrição e passava a maior parte do seu tempo lendo livros, jornais e mais pro fim, aventurou-se até com um iPad. A convivência com a mãe de Mané e com os inúmeros cuidadores e cuidadoras que passaram por ali naquele período, foi facilitada principalmente porque o pai de Mané era uma pessoa mansa e cordata, se é que podemos falar assim. Foi por isso que Mané estranhou, numa manhã que lá chegou para visitar os pais, os encontrar numa disputa acirrada sobre um tema que, a princípio, Mané não entendeu. Mané, que é um cara sem pavio, se viu momentaneamente na situação de tentar apartar briga e se fechou no quarto com o pai para tentar acalmá-lo, ele que costumava ser um poço de calmaria. A questão versava sobre a contratação de um novo cuidador, a mãe de Mané queria um homem, por causa da força necessária para lidar com o dia a dia de alguém que não se locomove sozinho, que precisa de ajuda para se trocar, comer, fazer higiene e etc, enquanto o pai insistia que queria uma mulher. E Mané, entendendo a posição da mãe, tentava argumentar com o pai, mas este permanecia inflexível até que em dado momento, o pai chamou Mané de lado e lhe perguntou baixinho se Mané sabia que ele precisava ajuda para tudo e Mané respondeu que sim. Então, continuou o pai, você gostaria de ter um homem passando a mão na sua bunda e bagos? Acabou que Mané convenceu a mãe, ele nem lembra como, mas eles contrataram uma mulher. 21/06/2017
Agora neste 12/06, Mané andava pela rua e pensava na efeméride, aqueles pensamentos de que o dia dos namorados era meramente uma data comercial, que não se curvaria a ele, não agora depois de 33 anos de casado. Mas enquanto pensava passou por uma loja e viu um casaquinho bem quentinho na vitrine e imaginou que cairia bem na sua eteeeeerna namorada, muita ênfase no eterna. Cedendo ao impulso entrou na loja e arrematou a peça, tendo escolhido a cor bege. Acabou que a patroa gostou, cabe ressaltar que ela nem lembrava em que dia estavam, coisa que ficou patente quando reagiu: "presente? assim fora de data? qual é a má notícia"? Mas ela gostou, o tamanho deu certo, assim como a cor. Mais tarde, chegando em casa, eis que a filha de Mané se encanta também com o casaco e eis que no dia seguinte Mané se viu obrigado a voltar à loja e arrematar outra peça do mesmo modelo, desta vez na cor azul marinho. O episódio serviu para Mané descobrir que tem duas namoradas e que as duas usam o mesmo tamanho. Bem, quase! 14/06/2017
Mané guarda moedas numa lata de ferro em casa. A cada 6 meses, aproximadamente, quando a lata fica totalmente cheia, ele monta uma operação de guerra para separa e contar o dinheiro. Toda família participa, todos são recompensados depois. Com o dinheiro separado por valor e contado, Mané se dirige a uma das inúmeras padarias do bairro e pergunta se alguma delas tem interesse pelo troco. Todas têm, mas cada uma reage de um jeito: uma vai contar só amanhã, outra só quer as moedas de 1,00 e 0,50, outra diz que está sem dinheiro no caixa e a última, através de uma representante chamada Elisangela que sorria muito, não só disse que queria as moedas como disse também que Mané ganharia 1 pastel de Belém a cada 50,00 reais em moeda que ela contasse. Mané topou na hora e ela pediu que ele retornasse mais tarde. Uma hora e meia depois, Mané deitado com um livro na frente, toca o telefone:
- seu Mané?
- sim?
- Elisangela da padaria...contei as moedas e deu um problema.
- qual problema?
- eu contei 7,25 a mais que o senhor
- ah é? E qual o problema?
- como fazemos?
- como fazemos? Você me paga 7,25 a mais do que eu marquei no papel
- Ah, (rindo muito), ótima solução, eu lhe pago então 7 a mais porque não vou ficar lhe devolvendo moedas, o Sr. já trouxe tantas aqui, não vai querer levar uma moedinha
-...
- e tem mais uma coisa
-...sim?
- o sr vai ganhar 18 pastéis de Belém, mas teria direito a 18 e meio...como fazemos
- você me da os 18 e mais uma metade que a gente pode cortar na hora
- e a outra metade?
- você come..., pode ser?, e eu te pago meio pastel de Belém, o que acha?
- Ah (rindo feliz), claro que sim, ótima solução, até já então. 04/06/2017
Salma chega à mesa do café e fala pra Mané que acabou de ler que toda pessoa tem, em média, 13 segredos na vida que não foram revelados a ninguém. “Você tem?”, ela pergunta. Mané fica pensativo e o momento passa sem que tenha que responder. Depois do café, do leite, do pão e da manteiga, Mané levanta da mesa e diz: “13, não sei, mas um par deles, talvez”! E Mané se retira estrategicamente deixando a questão no ar. Depois, no caminho para o escritório entre segredos e memórias, Mané pensa numa garota que conheceu e que vivia o atormentando para que lhe contasse um segredo escabroso, que ela tinha alguns, e ela propunha fazer uma troca de segredos inconfessáveis e Mané sempre fugia do assunto dizendo, segredos são segredos, tem que permanecer secretos. Com esses pensamentos Mané viajou para o passado e lembrou-se da última vez que esteve com a moça, tinha sido uma noitada daquelas. Ela e Mané acordaram apressados e se vestiram correndo e, por alguma razão que agora foge ambos sabiam que tudo acabava ali. Mané deixou a moça no trabalho dela e foi para seu próprio e passou aquele dia pensando na moça, ainda estava com seu cheiro no corpo e de tarde, quando já quase tudo tinha se apagado, numa reunião, Mané afasta a cadeira e se recosta fingindo prestar atenção ao interlocutor quando se depara, depositado no meio da sua coxa na calça do terno, com um fio longo de cabelo loiro escuro e isso lhe traz à tona tudo novamente. Ele remove delicadamente o fio loiro escuro, quase castanho, de cabelo e o observa sem disfarce sob o olhar estupefato das outras pessoas. E Mané não se de lembra nada mais daquele episódio e aquele fio loiro, quase castanho, grudado nas suas calças, é a única razão pela qual Mané nunca mais se esqueceu dela. 30/05/2017
Medo...muito medo. (sobre spinners)
Ontem à tarde, no clube, Mané esperava o carro quando viu um sujeito brincando com um aparelho desse. Curioso, Mané perguntou a ele o que era aquilo e o sujeito disse que era um brinquedinho anti stress e anti ansiedade que se chama Fidget Hand Spinner. Mané sorriu e ficou olhando pro cara para ver se ele era estressado e ansioso sem ter chegado a nenhuma conclusão quanto a isso. Depois o carro chegou, Mané foi embora com o filho e não pensou nem comentou com ninguém sobre este assunto. Corta para hoje cedo.
Pela manhã Mané acordou e depois das suas abluções pegou o iPhone e abriu o Facebook. Qual nao foi sua surpresa ao ver um anúncio do tal produto na sua página e nesse momento Mané não teve dúvida:
1 - Todos estão sendo vigiados
2 - ele imediatamente comprou um brinquedinho desses. 26/05/2017
Diante de uma necessidade emergencial na empresa, Mané lançou mão do cartão corporativo e saiu pra fazer uma compra com urgência. No caminho, porém, ele se lembrou que o cartão em questão estava em nome do presidente que é uma mulher. E Mané pensou que talvez a loja encrencasse pelo fato de ele não ser uma mulher e fantasiou que não aceitariam o cartão e lembrou que não tinha trazido o dele próprio, só tinha dinheiro no bolso, insuficiente para tal despesa e ficou se maldizendo e achando que afinal a compra não daria certo e que ele teria que voltar e despender mais energia para esse problema que já era grande por si só, mas enfim, chegou à loja, escolheu o produto e na hora de pagar, sacou o cartão corporativo e a vendedora lhe diz para por o cartão na máquina e ele põe o cartão na máquina. Enquanto o sistema pensa a vendedora olha fixamente para Mané e Mané tenta manter o olhar, mas esta nitidamente incomodado quando a vendedora diz: “Sra. Mxxxx, pode digitar a senha”, e Mané digita a senha e poucos segundos depois a operação é aprovada e a vendedora lhe da o comprovante e a nota fiscal e Mané começa a ir embora aliviado quando a vendedora diz novamente, “Sra. Mxxxx? reclamações aqui na loja em 7 dias e um ano de garantia com o fabricante.” E Mané responde, obrigado, já vou indo então. E Mané dá três passos em direção à saída, mas na porta hesita e se vira em direção à vendedora que ainda olhava para ele e lhe diz: “Porque esta me chamando de Sra. Mxxx?” “Porque é o nome que apareceu na tela do meu computador!” E Mané: “mas eu não sou a Sra. Mxxx, você sabe disso, não sabe, meu nome é Mané? E ela: Fico feliz em saber que o seu nome é Mané, Sra. Mxxx. Mané diz pra ela que o cartão é corporativo, que ele tinha a senha e que podia usá-lo, que estava tudo bem e ela responde: “eu imaginei isso Sra. Mxxx, isto é, Sr. Mané, está tudo bem pra mim também, obrigado pela compra, boa tarde”. E Mané continua sorrindo: “na verdade eu fiquei preocupado que vocês bloqueassem a compra porque afinal o cartão esta em nome de uma mulher, que achassem que eu teria roubado o cartão ou seqüestrado a dona dele...” E a vendedora com estupefação: “o Sr. seqüestrou a Sra. Mxxx, torturou-a para ela confessar a senha e roubou o cartão para fazer essa compra”? E Mané: “não, imagina”. E a vendedora: “ah, que alívio”!22/05/2017
Mané ligou hoje pra uma pessoa. Sentiu saudades, tinha algo pra falar e, a caminho do metrô, penou pra lembrar o numero de cor e depois de algumas tentativas, finalmente lembrou, teclou os números e o aparelho se pôs a chamar. Mané pensou que não precisava perder tempo tentando lembrar-se do número já que o mesmo estava gravado na memória do telefone, depois disso pensou que não, que era melhor tentar lembrar-se do número que essas facilidades eletrônicas, tudo guardado nas agendas nos emburreciam, Mané acha que até o waze nos torna idiotas, ele nem mais sabe ir pra casa da mãe sem por o waze pra funcionar, mas, enfim o telefone cansou de tocar e nada da pessoa atender e Mané desligou e esqueceu-se do assunto. De todos. Lá pelo meio do dia o telefone toca e Mané vê no visor o nome da pessoa para quem ele tinha tentado ligar de manhã. Atenciosa, ela voltava a ligação matutina perdida. O problema é que Mané tinha esquecido do assunto, tinha esquecido que tinha ficado com saudades e tentou rapidamente encontrar um assunto para falar quando atendesse mas demorou muito e a ligação foi cortada. Mané ficou olhando para a “ligação perdida” e pensou que aquelas eram as palavras mais verdadeiras que ele tinha lido neste dia; “ligação perdida”, a do telefone, a ligação com a pessoa para quem ele tinha ligado, exatamente, perdida. Mané voltou às suas planilhas até que, saindo do metro, a caminho de casa, sentiu de novo saudades da mesma pessoa e lembrou-se do que quisera falar de manhã e teclou o número da pessoa sem hesitar desta vez. A pessoa atendeu, Mané perguntou se podia falar, a pessoa respondeu que na verdade estava ocupada então Mané desta vez sim hesitou e disse, que estava tudo bem, que não era nada, a pessoa disse, espera, o que você queria falar, e Mané respondeu, deixa pra lá, não era nada e a pessoa respondeu, bom, então ta e Mané disse também então ta e ambos desligaram. Ligação perdida. 16/05/2017
Tempos atrás, a revelia dos pais, Mané comprou uma moto. Era usada, estava meio gasta, mas era uma maravilha. Uma Honda CB350, sonho de consumo do muitíssimo jovem Mané que imediatamente se transmudou em motoqueiro e passou a singrar regularmente com seu bólido pelas ruas da cidade. Pelo fato de ser velha o banco da moto que já estava deteriorado rasgou-se e Mané, não tendo encontrado um original para substituir o antigo, conformou-se em adquirir um genérico de "rabeta", um modelo parecido com esse da foto. Nessa época Mané cortejava uma moça e um dia, após a troca de banco, convidou-a a dar uma volta de moto. A moça, que vinha resistindo à idéia por não gostar desse tipo de transporte, concordou com o passeio, mas ao se deparar com o tipo de banco, resolveu desistir mais uma vez. De fato, aquele banco provocava certo "escorregamento" do carona em direção ao piloto a cada frenagem e,...bem, se não houvesse intimidade suficiente talvez a encoxada pudesse ser considerada excessiva para a garota. E, aqui entre nós, outras meninas já tinham aceitado a carona e Mané tinha comprovado o efeito da inércia que o banco inclinado oferecia a cada frenagem. Aqui entre nós de novo, Mané achava até bastante prazeroso. Mas voltando à garota em questão, depois de alguma insistência, ela aceitou o passeio tendo o mesmo sido muito agradável. Nas frenagens, o banco não causou tanta espécie assim, Mané acredita que a garota até tenha gostado bastante da situação escorregadiça tanto que, algum tempo depois, ela se casou com Mané. 01/05/2017
Mané não lembra, devia ter algo como 2 anos e, além do mais, no momento dos fatos, dormia profundamente o seu sono de bebe, num dos quartos desse apartamento à esquerda, por isso vai contar o que lhe contaram, não reclamem depois. Nesse apto moravam 3 famílias que tinham acabado de chegar do Egito, na qualidade de refugiados. Início da vida no Brasil moravam todos juntos e misturados, aguardando alguma melhora nas perspectivas, a família de Mané, a família da tia de Mané e a família do irmão do marido da tia de Mané. Eram 5 adultos, 2 pre adolescentes, 3 crianças e 1 Mané na forma de bebe. Pois o fato é que enquanto a vida corria solta, o irmão do tio de Mané sente fome quando a noite já ia alta e resolve fritar um ovo pra comer assim daquele jeitinho, molhando o pão. Viúvo cuidava de si e dos dois filhos, eis que escuta seu filho berrando lá fora e de pronto corre pra acudir, deixando seu ovo a fritar na frigideira. Pouco depois seu irmão, marido da tia de Mané, passa pela cozinha e, constatando uma labareda alta, da o alarme: "seu ovo vai queimar". Ao ouvir a palavra "queimar", a mãe e a tia de Mané precipitam-se para a cozinha e constatam que está tudo pegando fogo. De pronto, recolhem uns poucos pertences e as crianças, Mané no colo, e saem correndo escadas abaixo e se colocam na calçada da frente para assistir ao incêndio. Da rua, enquanto os bombeiros iniciam os trabalhos, eles percebem que o fogo, na verdade, era no prédio ao lado, aquele que se avistava quase colado ao janelão da cozinha. Lá pelas tantas o irmão do meu tio lembrou-se do ovo que foi abandonado sob fogo aceso e tentou voltar ao apartamento nas foi impedido. Após o rescaldo, Mané, que passou todo esse tempo nos braços generosos da mãe, foi recolocado no berço e ganhou mais uma mamadeira. Tudo tinha sido muito estressante. O irmão do tio de Mané, que jogou no lixo o ovo esturricado, ameaçou fritar outro, mas as mulheres o demoveram e naquela noite ele deitou ao lado de seus filhos sentindo um pouco de fome. E isso era só o começo.
Mané foi hoje fazer um ultrassom do pescoço e estava lá lendo um livro na espera quando escutou chamarem seu nome. Ele se levanta e caminha em direção a uma garota que lhe sorria e que assim que ele se aproximou lhe disse: "bom dia, meu nome é Sorella e eu vou acompanhá-lo ao seu exame." E Mané: "seu nome é Sorela com um L ou Sorella com dois Ls"? E Sorella: "é Sorella com dois Ls". Então Mané lhe disse, "ah, isso é italiano, você sabe o que quer dizer Sorella em italiano?" Nesse momento chegaram à sala de exames e Sorella pediu que ele tirasse a camisa e deitasse na maca e quando Mané estava deitado na forma de paciente, ela se aproximou e, espalmando a mão no seu peito nú, ela perguntou: "o que quer dizer Sorella em italiano?" E Mané, que prestava atenção na mão de Sorella espalmada no seu peito nú, sobressaltou-se: "Sorella?, ah, Sorella em italiano quer dizer irmã!" Nesse momento a cara de Sorella se crispou, Mané sentiu que ela arranhava sua pele com as unhas e, subitamente, Sorella começou a chorar. "Irmã, ela disse, irmã?, ai meu Deus, desculpe", e saiu correndo da sala. Segundos depois entra a médica e faz as perguntas de praxe, faz o exame, Mané põe a camisa e sai. No corredor ele passa por Sorella que ainda soluça e ouve-a dizer: "eu nunca podia imaginar que meu nome significa irmã em italiano, nunca!" Mané passou reto sem olhar, desceu, tomou um café e correu até o carro porque nesse meio tempo tinha começado a chover.
Mané trabalha numa instituição que cuida de crianças em situação de risco, vítimas de abuso e violência. Perto de datas festivas, chegam muitas doações que combinam com a efeméride, por ex, panetones no Natal, brinquedos no dia das crianças e, claro, ovos de chocolate na páscoa. Nesta tarde, depois de ter sido feita, farta distribuição entre os abrigados, suas famílias, funcionários e filhos de funcionários, a presidente da ONG notou que sobraria muito chocolate, que provavelmente acabaria sendo desperdiçado, o que é um desaforo. Para evitar isso ela foi até a sala de Mané e lhe sugeriu que pegasse certa quantidade, colocasse no carro e que fosse distribuindo chocolates no seu caminho até em casa para qualquer criança que encontrasse na rua. A princípio Mané achou estranho, mas enfim se dispôs a cumprir a tarefa e, com uma caixa cheia de guloseimas, saiu à caça de criancinhas nos semáforos e ruas de São Paulo. Além da sensação gostosa do vidro escuro aberto, coisa rara devido ao risco, Mané estava imbuído da sua missão, o que também era bom. Não demorou pra encontrar seus primeiros fregueses: na porta da fave...digo, da comunidade vizinha à ONG, Mané parou ao lado de uns moleques que jogavam bola no meio da rua; “querem chocolate?” Logo Mané viu seu carro ser cercado, “dá um pra minha irmã que não esta aqui”, “prefiro uma daquele azul”. Logo Mané se afastou e seguiu o seu caminho. Mais adiante, na Tutóia, uma família, mãe e três filhos, sentados na calçada levaram mais um pedaço do lote. Ficaram olhando sem entender. Ok, Mané não precisa se alongar. Da Vila Mariana até a Vila Madalena, Mané esgotou seu estoque, tem bastante gente comendo chocolate nesse momento, mas o melhor de tudo é que esses 45 minutos de trajeto, foram os melhores 45 minutos de Mané nos últimos 45 dias.
Para ir do metrô até o escritório, Mané passa por uma rua que fica tomada por estudantes universitários, entre 10 e 11 da manhã. Nessa hora, deveriam estar todos diante de um professor nas salas de aula, concentrados, tomando notas nos seus cadernos, esclarecendo dúvidas e preparando-se para assumir o mundo quando a geração de Mané desaparecer. No entanto, o que Mané vê são centenas de meninos e meninas espalhados pelas calçadas ou em mesas de bar, comendo pão com Nutella, bebendo cerveja, fumando cigarros e dando uns tapas na pantera. Meninos de bermuda, brinco e rabo de cavalo, mochilas displicentemente atiradas ao chão. Meninas de shortinho, umbigos à mostra, chinelos de dedo, unhas do pé pintadas de azul, rindo à larga e mostrando suas arcadas dentárias alvas e perfeitas. Mané olha pra tudo aquilo e lamenta. Mané se pergunta para onde vão essas gerações, sabem por quê? Porque Mané sente inveja deles e gostaria muito de ir junto para onde quer que fossem.
Agora que o Bolsonaro já discursou para alguns judeus cariocas, publica-se "ad nauseam" pedaços do vídeo com a sua fala, partidários se estapeiam, todos cheios de razão, todos muito mais espertos que os outros, comparando Bolsonaro a Hitler etc, etc. Pra esclarecer, antes de falar o que quero falar, não gosto do Bolsonaro, assim como não gosto daqueles que tem idéias opostas às dele. Todos extremistas, todos sem razão. Agora eu fiquei com uma certa dificuldade de saber quem é mais idiota nessa questão: idiotas são aqueles que o convidaram a falar? Ou seriam idiotas os gatos pingados que o escutaram e aplaudiram? Ou seriam mais idiotas ainda aqueles que ficam publicando e republicando raivosamente os trechos do discurso e mantendo aberta e quente essa discussão? Pronto! Ele já falou, outros já protestaram, chega de dar palanque pra esse cara. Parece que não querem deixar esse assunto encerrar? Se não fosse na Hebraica ele falaria em outro lugar, o problema não é esse, encerrem esse assunto, ou será que gostam de ficar fazendo mimimi e se xingando publicamente pra mostrar como são politicamente corretos? Já sabemos que judeus não suportam uns aos outros, haja vista as dezenas de seitas que grassam entre nós, já sabemos que só nos momentos de desgraça é que nos unimos. Então, o que desejam? Provocar outra desgraça?
Mané chega ao Villa Lobos e vê diante de si uma manhã luminosa. Enquanto faz um alongamento meia boca observa as pessoas passando, gente bonita, músculos e fluidos explodindo pra fora dos corpos. Passa gente jovem, gente velha e gente igual ao Mané. Durante a caminhada Mané é cumprimentado pelos freqüentadores. As mulheres sorriem, acenam e falam bom dia enquanto os homens movem ligeiramente a cabeça a título de cumprimento, mal balbuciam alguma coisa com os lábios semi abertos. Os mais jovens não! Passam direto por Mané e sequer o olham na cara, concentrados, estão indo salvar o planeta na sua corrida matinal. Mané não liga, Mané entende os jovens e segue adiante no seu passo e constata algumas coisas: mulheres são mais agradáveis que homens, jovens são jovens e Mané, bem...Mané está ficando velho.
Mané está na frente da TV onde passa um filme falado em inglês com legenda em hebraico. Mané capta algo, mas, de fato, tem certa dificuldade de entender os diálogos. Escuta em inglês, tenta ler as legendas em hebraico, tudo se embaralha. Na tela um momento tenso, uma mocinha vai levar um susto, todo mundo sabe menos ela. Na hora H, a bela grita apavorada em inglês: "Jesus Christ" e, ao pé da tela, surge a legenda em hebraico: "אדוני - adonai". No meio do banho de sangue que se seguiu, Mané explode em sonora gargalhada. Só os judeus entenderão.
Salma está se preparando para ir visitar a sogra no hospital. Mané a convenceu de ir na frente pois queria adiantar uns assuntos. Salma resolve ir de metrô e pergunta a Mané se ele tem trocado. Na carteira de Mané, só notas gordas. Salma desanima e então Mané lhe oferece seu bilhete de idoso. Salma reage indignada, "o cartão não é meu, eu nem sou idosa". Mané faz um muxoxo de desprezo e Salma se indigna mais: "é por causa disso que comemos carne podre, que todos roubam, por causa desses pequenos delitos que tá essa merda toda!" Mané, fica em silêncio, olhando espantado. Mané diz que todo mundo faz isso, imagina, usar o cartão grátis uma vez, qual o problema, vai de carro, então, de taxi, como quiser, não precisa isso se transformar numa DR. E completa: "mas você bem podia usar o meu cartão porque afinal, você está indo ao hospital no meu lugar". Salma pensou um pouco e decidiu: "ok, me dá o bilhete, mas só porque estamos sem trocado e eu estou com pressa, toda essa conversa me atrasou". Mané deu o bilhete e quando Salma ia saindo, falou baixinho: "foi muito fácil te corromper". Ela saiu batendo a porta, não falaram mais no assunto. A mãe de Mané gostou da visita.
Num passado remoto Mané estava na casa de um amigo lá pelo final dos anos 1970. Estavam todos no quarto experimentando um baseado feito de uma erva muito boa, "da lata". Mané, o amigo, a irmã do amigo e mais uma pessoa que foge da memória. Pelas tantas, em meio a gargalhadas por nada, bateu a larica e todos foram para a cozinha e devoraram um bolo feito de profiteroles que estava na geladeira. Nisso chega em casa a dona da casa e todos acham graça do barulho dos saltos dela que se dirige ao quarto onde tinha se desenrolado a festinha e que, provavelmente, ainda estaria com bastante fumaça. Pouco depois o barulho dos saltos volta em direção à cozinha e a mãe entra na cozinha segurando um saquinho plástico cheio de maconha e, sacudindo o saco nos nossos narizes pergunta: "alguém pode me dizer o que é isso"? Enquanto todos ainda riam a filha responde: "ué, não ta vendo, é maconha"! Em meio à explosão de gargalhada a mãe, estupefata, responde: "maconha? imagina"! E atirando o saco na mesa se retira da cozinha, os saltinhos plect plect ploc, ploc, plact, plact. Corta para o ano de 2017.
Mané está na casa de um amigo. Estão na cozinha e Mané precisa de uma caixa pequena para guardar um objeto. Um objeto lícito. O casal de amigos jura que tinham uma caixa daquele tamanho mas não conseguem encontrá-la. Súbito, a esposa volta do quarto do filho com ar vitorioso dizendo que achou a caixinha e eles a abrem para ver se o objeto cabe. Estupefatos, examinam o conteúdo que se encontrava na caixinha, um saquinho cheio da erva, dois baseados pela metade, etc. A mãe, em pânico diante da evidência, grita: "guarda tudo de novo do jeito que tava, vou por a caixinha no lugar"! Mané ficou sem a caixinha e saiu de lá com aquela música na cabeça: "ainda somos os mesmos e vivemos como nossos paaaaaaaaaaais".
Mané está num sebo. E daí que a alergia piorou? E daí que pela narina esquerda não passa uma nesga de ar há dias? Essa coceira que toma conta de todo seu sistema respiratório não deve ser por causa do pó. Mané está olhando as estantes com vagar inspirando aquele cheiro de livro velho e poeira acumulada. Mané se interessa por um volume novinho de auto-ajuda “como organizar sua vida financeira” de Gustavo Cerbasi. Quer dar de presente para um casal de amigos que sofre com esse problema. Livros de auto ajuda são bons de comprar em sebo porque, além de baratos, estão sempre novinhos. Deve ser porque quem os compra nunca os abre. Quem compra livros de auto-ajuda esta precisando de ajuda, mas não “auto”! Mas dar um livro de auto-ajuda de presente não tem problema. Serve como dica: “olha, você está precisando”! Ainda por cima se o livro estiver novinho, como esse. Mas enfim, Mané folheia o livro, lê algumas frases e reage com escárnio a algumas coisas que estão lá escritas quando de repente caem alguns papeis de dentro do livro. Mané se abaixa para pegar e do meio da poeira ele resgata três folhas de cheque. No ambiente escuro ele percebe que os cheques são de 5 anos atrás, R$ 3.000,00 cada. Mané pensa que a pessoa que estava lendo o livro não conseguiu organizar a sua vida financeira e nesse momento um ataque feroz de espirros adveio, perdigotos ensoparam os cheques empoeirados bem como as páginas do livro. Mané, mais do que depressa recolocou os cheques no lugar e o livro na estante saindo depressa do lugar. Deixa o manual das boas finanças pra lá, pelo jeito não ajudou o antigo dono.
Mané chega ao urologista. Na sala de espera tem duas secretárias, uma mais velha e uma mais jovem, e duas mulheres aparentemente esperando a vez, uma mais velha e outra mais jovem. Mané fala seu nome e senta achando estranho estar num consultório de um urologista cercado de mulheres por todos os lados. É paranóia ele sabe, mas prevalece um incômodo, todos olham pra baixo. Mané cogita se elas imaginam o vexame pelo qual ele irá passar em poucos minutos. Ele encara a mais jovem, que abaixa os olhos. A mais velha, no entanto, sustenta o seu olhar e lhe dá um sorrisinho de comiseração e, como se respondesse à pergunta que se estampa nos olhos de Mané, ela diz à mais jovem, "o papai está demorando". O cara convoca a família ao urologista? Família solidária, pensa Mané, e pensa também naquela velha máxima: "quem tem cú tem medo"! Pouco depois, já com seus fundilhos devassados, Mané sai da sala do médico e já não olha pra mais nada. Apenas percebe de relance que o homem da casa chegou. Mané ganhou mais um ano de sobrevida e quando chegar em casa, vai contar todo o episódio para Salma que, provavelmente vai lhe dizer: "mas você não vai publicar isso, vai"?
Mané hoje, num hiato entre uma atividade chata e outra pior, viu-se paralisado pensando no amor e no quanto as pessoas se enganam com ele. Quando as pessoas ficam em estado de amor ou falam de amor tem-se uma sensação de que este é um sentimento etéreo, de elevação, de pairar nas nuvens, mas tudo isso é besteira. O amor é acima de tudo físico, tem cheiro, presença e toque. Se não for assim, não é amor. Do que é que você lembra quando pensa em alguém que ama?
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